Um lugar de vida - Humanitude no Porto de Abrigo

 

Foi com enorme prazer e orgulho que integramos um momento formativo do workshop "Metodologia de cuidados em Humanitude - conceitos e ferramentas de cuidar pacificadoras das pessoas com comportamentos de agitação" organizado pela Escola Superior de Enfermagem da Universidade de Coimbra e pela cooperativa Via Hominis.

Tivemos o privilégio de receber na nossa casa pessoas simpáticas, disponíveis e recetivas para pensar o cuidar em Humanitude. Partilhamos a nossa filosofia de trabalho, o que é cuidar em humanitude todos os dias e o que faz do Porto de Abrigo um lugar de vida. Porque a palavra e a experiência de quem cuida é muito importante, tivemos a oportunidade de ouvir alguns testemunhos da equipa de trabalho do Abrigo. Conseguimos perceber que o impacto que a humanitude tem nos cuidadores ultrapassa a esfera profissional, há também "um antes e um depois da Humanitude" em termos pessoais.

O nosso agradecimento à organização do workshop por nos ter escolhido como um exemplo de boa prática na implementação da filosofia Humanitude em Portugal. Não podemos deixar passar a oportunidade de registar aqui a boa surpresa que nos foi proporcionada. Este dia será recordado na nossa história como o dia em que recebemos a professora Nídia Salgueiro no Porto de Abrigo. Uma honra. Um dia especial. 

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são martinho é ter a casa cheia

Imaginem que convidam a vossa família mais próxima para almoçar. Imaginem que põem a mesa e a vossa família vai chegando, vai sentando, vai estando. Entretanto o almoço fica pronto e sentam-se à mesa, entre conversas. E olham à vossa volta e reparam que a vossa família é composta por mais de 60 pessoas. Organizar um almoço assim é quase uma loucura logística... 

No Porto de Abrigo, o almoço de São Martinho foi uma loucura logística feliz. Recebemos as famílias para almoçar num dia muito bonito, com cheiro a castanha assada. O nosso esforço sabe-nos muito bem quando as pessoas reconhecem o quanto é importante para elas poder estar desta forma, em família, em festa. Porque o Porto de Abrigo é um lar, um lugar de vida, onde há dias de festa, dias de ternura.

 

Somos Unidade Humanitude no SAD

Às vezes é preciso mudar. Foi com esta convicção que abraçámos a ideia de nos reinventarmos depois de 17 anos de quilómetros percorridos pelas ruas e casas de São João de Ver. Não foi um exercício simples. Ainda não é, mas um ano depois, os resultados confirmam aquilo em que sempre acreditámos: é possível fazer diferente e vale a pena fazer melhor!

O final de 2016 vai ficar guardado na memória do Abrigo porque vimos o serviço de apoio domiciliário reconhecido pelo Instituto Gineste-Marescotti Portugal como uma Unidade Humanitude. E porque esse momento feliz foi partilhado pela equipa de cuidadoras com parte daqueles que diariamente nos recebem em suas casas. No dia 10 de Dezembro convidámos as pessoas a conhecerem a nossa casa maior para juntos celebrarmos esta conquista. Diariamente sentimos de modo muito imediato o impacto da nossa presença junto das pessoas de quem cuidamos, mas ouvir de viva voz essa experiência tornou este dia ainda mais especial.

É com orgulho que agradecemos a confiança dos que nos escolhem para os ajudar a viver bem, apesar de tudo, no conforto do seu lar. Para o futuro, esperamos recebê-los mais vezes. E renovamos o compromisso de continuar a revolução e cuidar como gostaríamos que cuidassem de nós, cuidar com o coração.

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Banana e a metodologia de trabalho de projeto

  • O Abrigo
  • creche

Na creche do Abrigo, as nossas educadoras são especialistas na metodologia de trabalho de projeto. De uma forma simples, de acordo com a Direção Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular, a metodologia de trabalho de projeto é uma abordagem pedagógica centrada em problemas, ou um estudo em profundidade sobre determinado tema ou tópico (Katz e Chard, 1989). Como todas as metodologias, esta segue etapas e a primeira fase é a da definição do problema: formula-se o problema ou as questões a investigar, definem-se as dificuldades a resolver, o assunto a estudar.

Esta semana, as 18 crianças com idades compreendidas entre os 1 e 2 anos estiveram a estudar em profundidade as frutas. Tudo começou à hora de almoço e com a sobremesa: banana! É uma palavra que todos conseguem dizer e que a dada altura servia para designar todos os frutos, independentemente de serem ou não banana.

Depois da fase de planificação e definição dos objetivos, a fase da execução começou e as crianças partiram para o processo de pesquisa através de experiências diretas: com a identificação das frutas que temos na fruteira. Com um jogo de imagens reais e frutas reais. Inteiras e cortadas. Olhamos por fora e vimos por dentro. Sentimos o cheiro. E claro que provámos. E no fim, com um pouco de canela tão característica do Outono, fizemos um bolo de maça. Finalmente, contámos tudo aos pais no blog da creche. E aqui também.

Porque o que fazemos bem, tem mesmo de ser partilhado!

#ComooprópriodizAllrightcomeonyes

 

Quando dizemos que prestar serviços de apoio ao domicílio é fazer parte da vida das pessoas, na casa das pessoas, não falamos só do que fazemos todos os dias. Falamos de conhecer as pessoas, com calma, respeitando o tempo para se acostumarem à nossa presença e nos darem licença para ajudar. Nem sempre é fácil romper com uma ideia do serviço de apoio ao domicílio mais tradicional, associada à prestação de cuidados a pessoas em situação de grande dependência. E, às vezes, ainda parece atrevimento falar de recuperação da autonomia.

Mas essa ideia, a cada visita que fazemos só para saber se está tudo bem, está a mudar…

Há uns meses caiu. Levamos um susto quando o encontramos, porque fazer parte da vida das pessoas, na casa das pessoas, é criar laços e viver angústias. Estivemos com a esposa a contar os dias e não tardou muito a voltar a casa. De repouso absoluto, porque «uma cirurgia é uma cirurgia e nestas idades nunca se sabe», mas feliz.

Hoje em dia sorri. Estamos de coração cheio, porque fazer parte da vida das pessoas, na casa das pessoas, também é construir histórias felizes. Juntámos a sua vontade de saltar da cama com um par de braços sempre pronto a ajudar e é este o resultado da recuperação. Mesmo a tempo de ir colher e provar o figo doce que cresceu lá atrás no jardim. Podíamos ir embora? Talvez, se não fossemos para a rua todos os dias para dar mais anos à vida. Assim sendo, vamos voltar. Mais logo. Amanhã. E depois. Só para ver se está tudo bem.

Encontro Humanitude - reflexão e prática

Com o objetivo de potenciar a discussão e reflexão em torno da Humanitude enquanto metodologia de cuidado, assim como dar a conhecer o referencial Humanitude, o Instituto Gineste-Marescotti Portugal promoveu um encontro em Lisboa, nos dias 29 e 30 de Setembro de 2016. Foi com muito orgulho que o Abrigo aceitou o convite para partilhar a sua experiência de implementação da Humanitude no Porto de Abrigo - dar a conhecer o nosso trabalho é uma forma de saborear o nosso esforço. Quando nos convidam para partilhar a nossa história, o exercício que fazemos é muito valioso. Olhar para nós, para a nossa organização e funcionamento, permite-nos refletir, ou melhor, obriga-nos a parar para pensar.

Se hoje fosse possível tirar uma fotografia à organização conceptual do trabalho no Porto de Abrigo, veríamos:
Uma nova perspetiva sobre o trabalho em equipa;
Um novo foco no que verdadeiramente importa quando desenvolvemos uma resposta social de ERPI;
Que o investimento na criação de instrumentos de trabalho e sistematização de registos permite a análise e reflexão sobre a qualidade da relação na execução da tarefa (e não apenas sobre a mera execução da tarefa).

Na fotografia do Porto de Abrigo, hoje poderíamos ver também algumas certezas:
A maior força de uma organização é a sua cultura organizacional;
Sabemos muito pouco sobre como cuidar de pessoas com demência;
Ser cuidador não é fácil;
Cuidar em Humanitude é um desafio sem fim. Para cuidar em Humanitude é necessário ter a capacidade de aperfeiçoamento permanente. De olhar no espelho e corrigir até à perfeição. De treinar. De profissionalizar;
É importante ter a capacidade de autorregeneração. É importante aprender a descansar.

Os nossos dias são dias de muito trabalho. Pensamos em desistir? Às vezes. Como não existe um guia de orientação para o sucesso, como somos nós que definimos o ritmo de trabalho e nos impomos as metas e os desafios, corremos o risco de nos perdermos na procura. Quando tentamos encontrar respostas exclusivamente através da incorporação de outras experiências, corremos também o risco de perder a nossa identidade. Sim, os nossos dias são dias de muito trabalho, mas valem a pena. Quando olhamos para as pessoas de quem cuidamos, quando reconhecemos no outro uma pessoa como nós, temos a certeza que desistir não é uma opção. 

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SAD despapelado

Quando paramos para o ouvir percebemos que era evidente a necessidade de mudança.Tudo começou com um sentimento de angústia que não queria calar. E então começamos a mudar. Podiam ser mais ou menos assim resumidos os últimos meses no Serviço de Apoio Domiciliário do Abrigo, uma verdadeira odisseia que trouxe várias revoluções…a adesão às tecnologias foi a que mais recentemente completámos. E até ver, está a correr muito bem. Quem diria?

Pode parecer estranho à primeira vista. De início também levantámos o sobrolho em jeito de desconfiança porque a leveza de largar papel e caneta é daquelas “modernices” que não contagia a todos. Então se estivermos a falar de cuidar de pessoas idosas, nas suas casas, pode até aparentar não fazer sentido algum. Mas faz. Muito sentido e toda a diferença. Pouco a pouco o sobrolho levantado foi dando lugar à testa franzida, assim em modo “deixa lá ver como é que isto funciona”. O que aconteceu depois foram só as descobertas de um maravilhoso mundo novo: contactos, informações, dados, registos, fotografias! Tudo a circular diariamente pelas ruas e pelas casas das pessoas de quem cuidamos. Tudo disponível em tempo real, que é o tempo em que a vida deve ser vivida.

Portanto, não há nada de errado. Em vez de papel, usamos os tablets como instrumentos de trabalho, todos os dias. Discretamente cumprem um papel importante em tudo o que fazemos. Com a sua ajuda, estamos a reunir dados importantes sobre a intervenção que desenvolvemos, enquanto poupamos tempo no momento de parar para os analisar.

Tempo para as pessoas.
Se mais não fosse, só por isso já tinha valido a pena.

colocar em perspectiva e encontrar inspiração

Uma vez por ano, todos juntos fazemos algo diferente. Este ano, fomos conhecer o Palácio da Bolsa do Porto, sede e propriedade da Câmara de Comércio e Indústria do Porto.

As palavras são poucas para descrever a beleza e grandiosidade do Palácio. As fotografias também não chegam para ilustrar os inúmeros e magníficos pormenores talhados naquele edifício ao longo de décadas. Desta experiência, em que as pessoas que trabalham no Abrigo foram de comboio rumo ao Porto, ficam boas memórias e boas aprendizagens. No Palácio da Bolsa muitos são os símbolos relacionados com o trabalho, com a transformação humana da natureza, com a atividade económica. No lema da Associação Comercial do Porto "Labor et Libertas Urgent Nos", que traduzido de forma livre quer dizer algo como "o trabalho e a liberdade preocupam-nos" e na importância atribuída aos detalhes, aos pormenores e aos pequenos gestos do dia-a-dia, encontramos inspiração para a nossa casa e para o nosso Cuidar com o Coração®.

É importante colocar em perspetiva aquilo que fazemos no nosso dia a dia. É bom encontrar pontos em comum com outras realidades. A beleza e grandiosidade do edifício do Palácio da Bolsa é a constatação de que é possível construir algo que perdure séculos, que geração após geração seja, coletivamente, admirada e reconhecida, como uma obra de arte que honra o seu criador séculos depois. Com esta experiência percebemos que a rapidez não é uma qualidade quando se pretende construir algo belo e eterno. Com esta experiência reconhecemos que o que é importante, o que permanece, o que fica para a história, na arte como na vida, demora o seu tempo. Tal como quando se cuida de pessoas. Criar relações e construir laços de afeto só é possível com tempo, minúcia, arte, resiliência e amor.

II - Receita de pão de milho caseiro

 

Tempo de Preparação: 1 ano
Pronto em: 55 Minutos
Dificuldade: Difícil

II - Sachar

A informação era fidedigna e é um facto que as sementes pegaram. 

Já passou mais ou menos um mês desde que semeamos e, felizmente o tempo deixou-nos sair para ir sachar o milho. Sachar é um trabalho duro mas, é fundamental para que as culturas cresçam sem serem impedidas pelas ervas. Este é o tempo de arrendar e mondar para o milho crescer à vontade, alargar e poder engrossar. Nas famosas sachadas todos se ajudavam, os vizinhos e os amigos faziam trocas, hoje iam sachar o campo de um, noutro dia o campo do outro e assim sucessivamente, o espírito de interajuda era um valor enraizado nas comunidades. Felizmente, o espírito de interajuda não morreu. Graças a uma ajuda preciosa, conseguimos fazer os regos para a água correr e assim regar o milho, essencial nesta época do ano.

Mais notícias em breve!

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