resoluções de ano novo
Primeiro regresso-a-casa-depois-de-um-dia-de-trabalho do ano, na companhia da rádio de sempre, e uma voz familiar: «Vá, conte lá, já quebrou alguma resolução de ano novo? Nesse caso...não se preocupe, elas existem para isso mesmo!»
Sim, não se preocupe, sobretudo se não as pensou, se não as escreveu, se não as partilhou. As típicas resoluções de ano novo, tão de costume quanto as badaladas contadas em passas, mão na nota e brinde a pular da cadeira. Nada contra as tradições, muito pelo contrário, delas reza a história que é de todos nós. Só não a história que é só nossa.
As resoluções geralmente começam com balanços. E se um fim de ano não dá que balançar...depois vem o impasse de ir ou ficar, que é como quem diz, o medo e a dúvida entre não fazer nada ou mudar. Claro está, a entrada em grande de um ano a estrear dá o empurrão à vontade de agir e de lá surge a resolução. Este ano quero. Este ano tenho de. Este ano vou.
Aos atrevidos, boa sorte. Aos outros, um truque. Menos importa o que escolhemos conquistar, mais vale na verdade a transformação que ocorre em nós enquanto percorremos o caminho até lá chegar. Um fim de ano é tempo apertado para travar e vencer o braço de ferro com o que há muito não está bem e nunca se diz a ninguém. Assim de repente o entusiasmo pode ter prazo nem de seis meses e está perdida a luta… Porque não experimentar antes a liberdade de dar a mão ao que pode ser melhor em cada dia, nesse balançar que se chama equilíbrio? Lembrar que o que pode ser melhor já começou, lá trás, na vida, e cá dentro, em nós. É questão de sentir e acreditar. As verdadeiras resoluções não se quebram porque acontecem assim, em cada despertar, quando se decide em voz baixa e coração ao alto o que é importante continuar a fazer para chegar mais perto de quem se descobre ser.
Sem resoluções, com votos de transformação, bom ano.
Marta Faria