lar doce lar

Trabalhar em lar de idosos não é fácil. É necessário saber criar relações de confiança, gerir expectativas, responder a necessidades. Trabalhar com pessoas idosas é um trabalho complexo: por um lado, são exigidas aos profissionais elevadas competências pessoais, de relação e comunicação. Por outro lado, são exigidos conhecimentos teóricos em áreas diversas e a capacidade de recorrer a técnicas e metodologias de trabalho específicas. Para trabalhar com pessoas idosas não basta ter "habilidade", é fundamental saber fazer.

Com a organização deste encontro pretendemos refletir sobre as práticas de trabalho em lar de idosos. Pretendemos valorizar os profissionais que diariamente dão o melhor de si. Pretendemos também partilhar dificuldades e alegrias do nosso dia a dia... para aprender, para fazer melhor, para ser feliz a trabalhar em lar de idosos.

Esperamos por si!

Conta-me uma história...

  • O Abrigo
  • saas

“O riso é eterno, a imaginação não tem idade, os sonhos são para sempre”
Walt Disney

Conhece aquele momento de felicidade que é ouvir uma história antes de dormir? O Serviço de Atendimento e Acompanhamento Social do Abrigo está a desenvolver o projeto "Conta-me uma história...", um projeto solidário de promoção da leitura. Este projeto pretende, através da leitura de histórias de pais para filhos, proporcionar a criação de recordações felizes às famílias da comunidade de São João de Ver que são acompanhadas pela Marta e pela Margarida. Acreditamos que livros infantis usados podem, em novas mãos, ganhar outra vida e proporcionar sorrisos e sonhos a outras crianças. 

Quer ajudar? Até ao dia 30 de Março, deixe os livros que já leu na mesinha de cabeceira do quarto imaginário que recriamos no hall de entrada do Abrigo. 

Depois contaremos o final desta história… As nossas crianças agradecem. O Serviço de Atendimento e Acompanhamento Social do Abrigo também.

antigamente é que isto era bom?

Caía a chuva numa noite de sexta-feira, treze.
 
Superstições à parte, dentro de portas a conversa seguia muito de acordo com o tempo que se ouvia lá fora, a provar que às vezes a vida anda de tal modo desafinada que nos enfeitiça o pensamento com ideias grisalhas: «então, mas antigamente é que isto era bom? É isso?». Talvez não seja bem isso. Talvez cada antigamente devesse ficar escrito em mil e um contos, para nunca se perder até se perceber, ponto por ponto. Como uma base de dados sobre a vida, pronta para consulta em caso de dúvidas existenciais.
 
A parte boa é que no mundo real há um saber de experiência feito a correr, de boca em boca, como manda a verdadeira tradição. Trata-se da herança de uma vida inteira a aprender, primavera após primavera. Um saber que não ocupa lugar, à solta e à espreita dos que o queiram conhecer e que muito ajuda a entender que o nosso mundo não está nem melhor nem pior. O nosso mundo está diferente de antigamente, não houvesse fome que não desse em fartura. E como andamos fartos: do “frio” e do “correr”, da “má sorte” e do “tanto querer”, do “andar sem poder” e do “tem de ser”. Se ao menos nos lembrássemos que podemos escolher… Escutar os velhos pode ajudar. Como numa brincadeira de crianças em que aprendemos com as suas histórias o que é isto de viver.
 
«O mundo ideal não existe, só o mundo de cada um, as ideias de cada um. E é isso que vale, mas é preciso haver respeito e compreensão. As pessoas deviam dar mais valor ao que é importante porque no fim de contas é o que fica. O resto é ilusão.» E o que fica? Um abraço apertado, uma mão a aquecer o coração, um beijo sem contar. Um sorriso de «bom dia» e um «olá, estou aqui» num olhar. Um colo para acalmar a dor, uma alegria partilhada, uma brincadeira improvisada. Uma palavra amiga, uma lição para a vida. Não custa nada.
 
Devia experimentar. Vai ver que vai gostar.

Marta Faria

se é para falar de amor

Que seria dos meses que nos enchem os anos sem dias “disto e aquilo” para contrariar o hábito de esquecermos quão especial é cada um. Sim, todos os dias são mesmo especiais. Um exemplo? Perguntar pelo último Natal e… «o Natal é isto, no dia-a-dia, estarmos assim. Mas correu bem, o Natal».

 

Pois é, a vida é de viver a sentir. E sentir não vem com data marcada. Mas depois também há a vida de viver a correr. E então talvez seja preciso quebrar a rotina, só para garantir que ficamos de olho no que realmente importa. De maneira que nem parece mal pensado haver dias “disto e aquilo”, a não ser que os tenha de haver no calendário para avisar de guardar tempo para sentir. Nesse caso mais vale deixar de correr, em vão.

Gosto da vida de viver a sentir, como se fosse uma espécie de coleção particular de memórias sem data de entrega e prazo de validade, onde é sempre Natal. Portanto costumam passar ao lado datas comemorativas de produção em série. Mas saindo à rua já se vê que é Fevereiro. Vamos lá a isso. Se é para falar de amor, comecemos pelo próprio.

Não se zangue o padroeiro nosso, mas o Saint do amor poderia bem ser Exupéry. Não que o amor se aprenda em livros cor-de-rosa. Antes pela história de um principezinho e da simplicidade com que se ensina o que é isso do amor: do tempo que se constrói desde o conhecer até ao encantar, da partilha que transforma o esperar em confiar, do todo que é mais do que a soma das partes. O amor começa em nós, por nós. Leva-nos dentro, de verdade, a descobrir-nos cada canto e aceitar-nos imperfeitos, sem pressas. Não faz mal ter arestas tortas, que o puzzle há-de encaixar-se de algum jeito. Verdade que peças mais pequenas levam mais tempo a fazer sentido, mas são as que juntam mais detalhe e por isso, ao encontrar o lugar certo, se apreciam melhor. Tal qual a sombra secreta que somos quando o sol nos espreita de fugida. Certos dias nem nós a vemos, mas tudo bem, que o sol há-de voltar, uma e outra vez. Mais a mais, o que nos é único não é para se andar assim, sempre a mostrar, não vá se perder.

E o amor cura, se o soubermos seguir. Mais ou menos como no filme do pirata que se aventura em busca do tesouro que não foi escrito nos mapas. Nem precisa, porque tem uma bússola. A bússola. Guiada pelo norte do coração. Tentamos? Basta parar, aqui e agora. Fechar os olhos, para ver por dentro e encontrar(-se). E seguir por aí, onde o nosso amor estiver.

Marta Faria

resoluções de ano novo

Primeiro regresso-a-casa-depois-de-um-dia-de-trabalho do ano, na companhia da rádio de sempre, e uma voz familiar: «Vá, conte lá, já quebrou alguma resolução de ano novo? Nesse caso...não se preocupe, elas existem para isso mesmo!»

Sim, não se preocupe, sobretudo se não as pensou, se não as escreveu, se não as partilhou. As típicas resoluções de ano novo, tão de costume quanto as badaladas contadas em passas, mão na nota e brinde a pular da cadeira. Nada contra as tradições, muito pelo contrário, delas reza a história que é de todos nós. Só não a história que é só nossa.

As resoluções geralmente começam com balanços. E se um fim de ano não dá que balançar...depois vem o impasse de ir ou ficar, que é como quem diz, o medo e a dúvida entre não fazer nada ou mudar. Claro está, a entrada em grande de um ano a estrear dá o empurrão à vontade de agir e de lá surge a resolução. Este ano quero. Este ano tenho de. Este ano vou.

Aos atrevidos, boa sorte. Aos outros, um truque. Menos importa o que escolhemos conquistar, mais vale na verdade a transformação que ocorre em nós enquanto percorremos o caminho até lá chegar. Um fim de ano é tempo apertado para travar e vencer o braço de ferro com o que há muito não está bem e nunca se diz a ninguém. Assim de repente o entusiasmo pode ter prazo nem de seis meses e está perdida a luta… Porque não experimentar antes a liberdade de dar a mão ao que pode ser melhor em cada dia, nesse balançar que se chama equilíbrio? Lembrar que o que pode ser melhor já começou, lá trás, na vida, e cá dentro, em nós. É questão de sentir e acreditar. As verdadeiras resoluções não se quebram porque acontecem assim, em cada despertar, quando se decide em voz baixa e coração ao alto o que é importante continuar a fazer para chegar mais perto de quem se descobre ser.

Sem resoluções, com votos de transformação, bom ano.

Marta Faria

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