Com o objetivo de potenciar a discussão e reflexão em torno da Humanitude enquanto metodologia de cuidado, assim como dar a conhecer o referencial Humanitude, o Instituto Gineste-Marescotti Portugal promoveu um encontro em Lisboa, nos dias 29 e 30 de Setembro de 2016. Foi com muito orgulho que o Abrigo aceitou o convite para partilhar a sua experiência de implementação da Humanitude no Porto de Abrigo - dar a conhecer o nosso trabalho é uma forma de saborear o nosso esforço. Quando nos convidam para partilhar a nossa história, o exercício que fazemos é muito valioso. Olhar para nós, para a nossa organização e funcionamento, permite-nos refletir, ou melhor, obriga-nos a parar para pensar.
Se hoje fosse possível tirar uma fotografia à organização conceptual do trabalho no Porto de Abrigo, veríamos:
Uma nova perspetiva sobre o trabalho em equipa;
Um novo foco no que verdadeiramente importa quando desenvolvemos uma resposta social de ERPI;
Que o investimento na criação de instrumentos de trabalho e sistematização de registos permite a análise e reflexão sobre a qualidade da relação na execução da tarefa (e não apenas sobre a mera execução da tarefa).
Na fotografia do Porto de Abrigo, hoje poderíamos ver também algumas certezas:
A maior força de uma organização é a sua cultura organizacional;
Sabemos muito pouco sobre como cuidar de pessoas com demência;
Ser cuidador não é fácil;
Cuidar em Humanitude é um desafio sem fim. Para cuidar em Humanitude é necessário ter a capacidade de aperfeiçoamento permanente. De olhar no espelho e corrigir até à perfeição. De treinar. De profissionalizar;
É importante ter a capacidade de autorregeneração. É importante aprender a descansar.
Os nossos dias são dias de muito trabalho. Pensamos em desistir? Às vezes. Como não existe um guia de orientação para o sucesso, como somos nós que definimos o ritmo de trabalho e nos impomos as metas e os desafios, corremos o risco de nos perdermos na procura. Quando tentamos encontrar respostas exclusivamente através da incorporação de outras experiências, corremos também o risco de perder a nossa identidade. Sim, os nossos dias são dias de muito trabalho, mas valem a pena. Quando olhamos para as pessoas de quem cuidamos, quando reconhecemos no outro uma pessoa como nós, temos a certeza que desistir não é uma opção.
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