humanitude no apoio ao domicílio
Há 17 anos que diariamente cuidamos de pessoas nas suas casas. Começámos com uma equipa e fomos crescendo. Hoje, sentimos orgulho na nossa história, no crescimento do serviço de apoio domiciliário e no reconhecimento por parte das famílias de quem cuidamos. No entanto, há algum tempo que sentimos inquietude. Uma inquietude familiar... porque já a tínhamos sentido no Porto de Abrigo: apesar da satisfação das pessoas de quem cuidamos, sabemos que não cuidamos como gostaríamos de ser cuidados.
Cuidamos a correr, olhamos pouco, tocamos rápido, estamos sempre de passagem. Sabemos que a relação de ajuda para com quem precisa, muitas das vezes, deixa de acontecer justificada com base na falta de tempo, escassez de recursos e muito trabalho. É por demais evidente que não é possível continuar a organizar o serviço de apoio domiciliário da mesma forma. O mundo mudou, a comunidade mudou, a dinâmica da família mudou e as necessidades das pessoas que nos procuram mudaram. E nós continuamos a fazer o que sempre fizemos da forma que sempre fizemos. Graças à experiência de implementação da Humanitude no Porto de Abrigo, no serviço de apoio domiciliário foi muito claro que, para obter resultados diferentes, cuidar em humanitude seria um factor determinante.
Hoje, no serviço de apoio domiciliário estamos a aprender a fazer diferente e a pensar diferente para conseguir obter resultados diferentes. Estamos a (re)aprender a tocar, a falar, a olhar e a manter as pessoas de pé. Continua a ser simples de dizer e díficil de fazer. Para prestar cuidados em Humanitude é preciso corrigir erros e ajustar práticas. E é preciso, com muita humildade reconhecer que, para ser cuidador, não basta ter um grande coração, paciência e resistência ao cansaço. Para ser cuidador é necessário saber fazer, aplicar técnicas e métodos de trabalho e, principalmente, ter a capacidade de reconhecer na pessoa de quem cuidamos uma pessoa como nós. Não é de vez em quando. É sempre.